09 abril, 2012

O Não Eras O Canal está passando por mudanças!

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Todo o layout do blog será reformulado e, por enquanto, ele ficará sem atualizações por um tempinho - bem pequeninho mesmo. Os posts já estão sendo escritos e serão publicados assim que o design ficar inteiramente pronto. Vocês já podem notar várias mudanças predominantes, mas calma: esse layout vigente é provisório! Tive que recomeçar do zero meeeeesmo e pegar um modelo básico do blogger pra editar cores, fontes e gadgets a fim de manter o visual do blog pelo menos "limpo" até que tudo esteja pronto.
Enquanto isso, vocês podem me acompanhar lá no Pleinco e me ajudar a ganhar a batalha de blogueiros de abril votando em meus posts, especialmente nesse aqui
Conto com a colaboração e paciência de vocês durante a "folguinha" do NEOC. 

Até a próxima,
               Rhá <3

03 abril, 2012

Helena

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Helena estava sentada na poltrona à frente da janela, com os braços em torno dos joelhos, quando acordei. Ela observava o trânsito com repúdio, como quem se condena eternamente pelo cigarro que está tragando. De maquiagem borrada e vestindo somente um roupão, as lágrimas escorriam pelo rosto e tocavam sutilmente o parapeito da janela. Helena tinha tanto a esconder; e muito mais pra esquecer. Precisava de uma bússola, de alguém em quem confiar, de uma rocha que fosse base sólida pra construir uma vida. E o pior de tudo é que eu sabia que não era aquilo que ela enxergava em mim - não mais. Saída de um conto de fadas, aquela eterna menina sabia como fazer sentir-me culpado pelos erros do passado. Ligações nunca retornadas e noites em que a ignorei. Agora ela anda por aí, com 24 anos nas costas, amargura no olhar e o all star sempre desamarrado. Eu congelava por dentro toda vez que ela entornava uma dose de tequila. Sei que o cabelo colorido foi fruto da vez em que disse que não a amava tanto assim. Também sei que quando ela pichou a parede do quarto, queria mesmo era bater com a lata de spray na minha cabeça e chorar até desidratar. 
Helena costumava ser sorridente, ter brilho próprio, ser alguém na vida. Ontem à noite ela sussurrou em meu ouvido que preferia estar morta. Se eu somente conseguisse voltar no tempo e consertar tudo aquilo...eu nunca quis ser o vilão da peça da vida dela. Se ao menos tivesse pensado antes de proferir certas palavras, beijar outras garotas e desvalorizá-la, creio que a melancolia e a angústia não fossem minhas companheiras. Você sabe o que é o pior? É saber que ela sempre esteve lá por mim. Lembro do dia em que choveu por três dias consecutivos em Porto Alegre, fiquei doente e ela ficou na minha casa, com a delicadeza que suas mãos e suas palavras costumavam ter, até eu melhorar. Eu tomei o direito ao riso de Helena. Acho que ela percebeu que eu estou acordado; consigo ver o desprezo no seu olhar - o mesmo de quando eu saí com a Paola, há uns dois anos atrás. Nossa relação nunca foi selada por status de relacionamento; ela era selada por pacto de sangue. E eu a fiz derramar o seu - aos 19, dava pra perceber os cortes em seus pulsos enquanto ela segurava a câmera nas pequenas mãos. Helena completou 18 anos e o inferno de sua vida apareceu pra ela - eu mesmo. Roubei uma vida inteira dela, enquanto poderia estar fazendo-a feliz - é uma pena que eu só perceba isso agora, pois Helena acabou de partir.

01 abril, 2012

As luzes da cidade

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De longe vejo a cidade brilhar. Tantas pessoas, tantas histórias. Um dia fiz parte dela - tive a minha história. Um dia, eu acendi minha lâmpada e brilhei por aqueles arredores também. Incrível como a gente pensa que nunca vai superar, que nunca vai esquecer; mas a gente supera, a gente cresce. A gente amadurece e aprende a perdoar. Depois, a gente amadurece mais um pouco e aprende por quem vale a pena sofrer; quem vale a pena perdoar. 

Tirei meu carro da garagem há um tempo e hoje volto à essas ruas; volto à essas luzes. Sinto um aperto no coração quando penso em todas as folhas que tive que rasgar para continuar escrevendo o livro da minha vida. Mas a vida é assim: depois de cometer alguns erros, temos o dever de passar a lição a limpo. E a lição ensina a amar. Ensina a perdoar. Ensina a esquecer. Ensina, mais do que tudo, a seguir em frente. 

Fiquei espantada com as mudanças nas luzes da cidade - elas não são mais tão brilhosas. Com o tempo que passou, minha visão de criança se perdeu e agora elas são tão simplórias...são fracas e velhas. Junto com a maturidade, o brilho das coisas se perde. Os prédios, os carros, o sorvete - tudo que parecia ser imensamente grande ou imensamente bom vira opaco. E mesmo sem esse brilho de antigamente, seguimos a busca. Sempre em frente, não importa em qual direção. Cheguei à conclusão que ser adulto é um saco. Que as luzes da cidade se apagam quando temos 20 e poucos. 

Gostaria de voltar no tempo pra poder acender todas as luzes de novo. Reaprender a chorar, reaprender a perder, a buscar, a sentir. Recomeçar da estaca zero. Mas tenho sorte de, mesmo que fracas, ainda enxergá-las. Acho que é como dizem...para quem crê, há sempre uma luz no fim do túnel.