18 março, 2012

Pé na Estrada: Dinamarca!

Sim! O post da sessão "Pé na Estrada" de hoje é sobre o país que fala um idioma dificílimo. O Murilo,  aqui da minha cidade, está lá desde agosto de 2011 e resolveu contar um pouquinho pra gente sobre como está sendo a experiência de pisar em solo dinamarquês. Olha só:


Como foi a decisão de fazer um intercâmbio e a reação de seus familiares a partir dela? 
Minha decisão de fazer intercâmbio partiu do fato de que em 2009 eu fui com a Lesson idiomas fazer um curso de inglês na Inglaterra, de 1 mês. Onde tivemos a oportunidade de conhecer Brighton, Londres, Stratford, Manchester e até fomos a Paris. Á partir daí eu falei com a Eliane Spuldaro que foi minha professora de inglês na lesson, que é do Rotary Internacional, a empresa pela qual faço intercâmbio, e fiz a prova. Após ter feito a prova mais ou menos umas 3 semanas me foi ofertada a vaga da Dinamarca e eu aceitei. Meus familiares sempre aceitaram de boa a ideia de eu fazer intercâmbio, nunca me desmotivaram nem nada, ou ficaram se preocupando demais. Sempre acharam que seria uma boa ideia pra mim. 


Como foi a adaptação na cidade onde vive? 
No início vou confessar que a adaptação não é fácil. Quando cheguei aqui todos foram muito receptivos e tal, minhas 3 familias hospedeiras estavam me esperando no aeroporto e tudo mais. Eu não diria que a cultura europeia é tão diferente assim da nossa, como por exemplo a asiática é. Mas as pessoas tem um meio diferente de se comportar aqui, a maneira como eles enxergam a palavra "diversão" é apenas diferente da maneira como nós enxergamos, e assim como se pode achar pessoas "frias" como dizem, podem-se achar muitas pessoas "samba", como apelidam as pessoas extrovertidas aqui... Então ter que se adaptar ao jeito diferente das pessoas é algo normal, mas não demasiadamente complicado. Quanto ao idioma já começam os os problemas... o dinamarquês é um idioma falado por apenas 5,5 milhões de pessoas no mundo, sendo que a gramática e a escrita pode ser fácil, mas o problema é na hora de pronunciar. O alfabeto conta com 3 letras extras, e existem sons nasais, vindos da garganta e sons feitos diferentes usando a lingua por exemplo, para pronunciar a letra D, nunca pronunciada como no português. Tirar os sapatos todas as vezes que entramos em qualquer casa que seja é uma regra... dizer "Tak for mad" que significa "Obrigado pela comida" depois de qualquer refeição é uma regra de etiqueta que DEVE ser usada ao sair da mesa... são algumas das "regras" culturais dinamarquesas de mais comum exemplo. 


Você pode contar um pouquinho sobre como são as pessoas aí e a família que está te hospedando?  
Com relação as pessoas, posso começar dizendo básicamente que todos são muito educados. Claro que sempre tem uns e outros né, mas todos vão demostrar respeito e educação por ti, e a tua opinião. Aqui não importa raça, cor, religião, opção sexual, todo mundo se respeita muito... E é algo que pode parecer "Ah, tá de brincadeira né?", mas não, as pessoas tem a mente MUITO aberta aqui. E todos falam inglês. TODOS. Com raríssimas exceções. O motorista do ônibus fala inglês, a garçonete fala inglês, porque como o dinamarquês é um idioma somente falado por 5,5 milhões de pessoas eles todos são obrigados a falar inglês antes de sair da escola, pra ingressar no mercado de trabalho. Como já mencionei, depois de viver 8 meses aqui foi que cheguei a conclusão que: Não é que os Europeus sejam frios, é apenas uma cultura diferente. Se tu for parar pra ver uma festa da escola deles, todo mundo muuuito aberto, e conversando com todo mundo... Ah, e isso é um fato importante. Existem 3 palavras que fazem dinamarqueses ficarem iguais a Brasileiros: Cerveja, festa e férias. Eles não fazem MUITA festa, mas quando tem uma festa eles bebem demasiadamente, fumam, gritam, cantam e etc. As minhas famílias todas que eu tive sempre foram muito legais comigo, morei primeiro dentro de Aalborg no bairro Hasseris, onde fica a minha escola e agora me mudei pra fora de Aalborg, numa parte chamada Visse. Minha primeira familia sempre foi paciente comigo falando inglês e me ensinando dinamarquês... e minha segunda familia foi a casa da minha conselheira do Rotary. Então ela sempre me ajudou muito com tudo e foi muito querida. Todas as familias eram diferentes... na primeira família eu tive um irmão de 18 anos, que já foi intercambista em Michigan nos EUA, na segunda familia 2 irmãs, uma de 17 que fez intercâmbio na Austrália e uma de 12 e nessa ultima familia tenho uma irmã que fez intercâmbio pra Colômbia.  


Como funciona a escola por aí? E as festas? 
Na escola as aulas começam todos os dias as 8:15 da manhã na minha escola, e aqui as coisas funcionam um tanto diferentes das escolas no Brasil. Aqui os dinamarqueses estudam na Folkeskole até os 16 anos, e com 16 ou 17 anos eles passam pro Gymnasium, o chamado Ginásio. Que tem duração de 3 anos. No ginásio existem por exemplo, 1º ano A, B, C, D, E, F e o 2º, e 3º. Cada turma de primeiro, segundo ou terceiro ano tem uma "linha curricular" diferente. A minha linha curricular é Psicologia no nivel C, Estudos Sociais no nível B e Inglês no nível A. Sendo que eu também tenho Biologia, Física, Ed. Física, dinamarquês, história e espanhol, sendo que os alunos podem escolher entre espanhol, francês e alemão. Isso significa que eu só tenho essas matérias na escola, e um estudante pode passar o seu gymnasium todo sem estudar matemática, física, quimica... Assim como pode não estudar história, literatura e etc. Depende da linha curricular em que o aluno escolher. Os periodos tem duração de 1 hr e 30 min, e todos podem trazer seu computador pra aula, o que acontece. Ninguém tem caderno, as anotações todas dos alunos estão em seus computadores e todos sem seu notebook. Muitos dias a aula termina as 15:15, e eu chego em casa exausto, porque realmente é muito cansativa a escola aqui. As festas aqui são sempre muuuito loucas, já que os dinamarqueses sempre ficam demasiadamente bêbados, a gente canta, dança e se diverte sempre muito. E quando encontra todo mundo nas festas da escola e nas boates, fica melhor ainda. 


Do que você mais gosta e o que menos gosta aí? 
O que eu mais gosto aqui sem dúvida é o fato de conhecer e aprender muita coisa sobre gente de todos os lugares do mundo. Aqui na Dinamarca tem 180 intercambistas no total, o que é muito pra um país de tamanho equivalente ao tamanho do estado do RJ. Intercambista de todos os lugares que se possa imaginar... que te contam sobre a vida deles nos países e coisas que tu não acha em lugar nenhum na internet. Aprende uma nova lingua, como eu aprendi dinamarques. Pratica o inglês muito e sem dúvida aprende a falar espanhol como eu aprendí, porque tem muita gente do méxico, e da américa latina. O que eu menos gosto daqui... bom, o que eu menos gosto aqui é da friesa de muitos dinamarqueses. Muitas vezes eles não vêm falar contigo simplesmente... Na escola eu não sou nenhum pop star como são os intercambistas no Brasil. Se tu quer falar com os dinamarqueses tu mesmo deve fazer isso, eles normalmente não o fazem. E eles também tem uma humor muito irônico, a gente nunca sabe se eles estão falando sério ou não... Além da demasiada preocupação com os horários. Se algo é á 13:30, é 13:30 em ponto. Nem um segundo á mais, nem um segundo á menos. 

Tirando a família e os amigos, do que mais você sente falta aqui do Brasil? 
Sem dúvida o que eu mais sinto falta é a minha familia e meus amigos... mas o que eu mais sinto falta é o jeito Brasileiro de ser, e o Brasil, e Cachoeira (cidade natal)... Sim, pode ser muito estranho eu dizer isso. Mas quando a gente vê o Brasil se fora, e vê como funciona a vida e como são as pessoas de outros países, a gente percebe que Brasileiro é um povo que não tem igual. Não tem jeito igual ao nosso, aberto, hospitaleiro, caloroso, nós somos diferentes. E quando eu vejo que muitos pensam que o Brasil é uma merda, eu queria que todos tivessem essa oportunidade de sair e ver de um outro ângulo, como eu penso sempre que antes de a gente julgar as coisas sem conhecimento é o que a gente deve fazer, sempre analisar por um ângulo diferente. Sinto muita falta da minha rotina diária, da minha escola... do meu grupo de dança e de várias pequenas coisas. Quando a gente fica muito tempo longe de casa é mais fácil parar pra pensar o quanto a "vida rotineira" faz falta, o quando a gente ama o nosso país sem igual. 

Ah! O Murilo ainda fez questão de comentar sobre algumas peculiaridades que ele observou:
"Todo mundo anda de bicicleta aqui na Dinamarca, e todos caminham muito também. A Dinamarca é um dos países com a menor taxa de obesidade do mundo e problemas cardíacos, em Copenhague um dos maiores centros comerciais da Europa é a cidade com menos fluxo de carros Europeia, devido ao intenso tráfico de bicicletas. A Dinamarca também é considerada a terra mais feliz do planeta, e aqui não tem ninguém realmente pobre. Todos passam muito bem de vida e raramente se vê alguém morando na rua... além da segurança, que é altíssima por aqui. Os dinamarqueses também são muito conhecidos por seus doces e guloseimas... principalmente os bolos dinamarqueses que são reconhecidos mundialmente."

Muito obrigada ao Murilo, que decidiu compartilhar um pouquinho dessa experiência incrível que é viajar para o exterior com a gente! Sorte pra você, aproveite ao máximo seu intercâmbio <3





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