Matemática nunca foi o meu forte. Sempre preferi a literatura, pois ela me mostrava um mundo diferente do real: sem coisas exatas, feitas à base de cálculos - um mundo onde tudo se dava por imaginação. Enquanto eu lia, era capaz de desprender meus pés do chão e minha mente dos problemas. O problema aparecia quando a história falava de amor. As pessoas criaram "leis" que regem o que era pra ser composto apenas por sentimento, e transformaram o amor em algo sólido, algo calculado, uma matemática.
Aliás, nessa soma de dois corações e multiplicação de felicidade chamada de amor, eu sempre acabei subtraída. Acabava sempre do mesmo jeito: menos esperanças, menos razões para sorrir, menos borboletas no estômago. Sempre me esforcei para ser uma boa aluna e decorar todas fórmulas. Apesar dos lápis desapontados e das notas abaixo da média, continuo tentando encontrar essa fórmula maluca pra aquilo que chamam de amor. Continuo tentando traduzir a linguagem do coração em números, sinais e incógnitas, mas temo que isso seja limitar demais. Enlatar sentimento é besteira. Compactar, mais ainda - quanto mais sentimento, melhor.
Falando assim, um relacionamento até parece fácil. O amor foi simplificado em uma conta boba de terceira série. Essa versão "com cortes" das coisas do coração acabou se alastrando pelos ouvidos alheios e dando a falsa impressão aos que estão acompanhando as classes de matemática de que ter um relacionamento é algo fácil, sem conturbações, desentendimentos e que o seu temperamento será igualzinho ao de seu parceiro. Doce ilusão. Foi ele mesmo que causou todos os nossos problemas: o temperamento, o jeito de ser.
Sempre fui desligada, preferia me prender aos balões e flutuar com eles pelo céu do que amarrar meus pés a correntes severas presas ao chão. Você sempre foi o tipo de cara cujo 2 + 2 é, indubitavelmente, igual a 4, na ponta da calculadora e medido pela régua. Enquanto o meu cálculo era todo cheio de questionamentos, todo errado. Você classificava nosso relacionamento em 'A', e eu em 'F'. Peço perdão por toda turbulência, cadernos rabiscados e declarações rascunhadas que deixei em sua vida. Me desculpe mas, apesar de tudo, prefiro pensar que meu 2 + 2 ainda é igual a 5.
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